segunda-feira, 27 de julho de 2015

Tivemos a honra de fazer uma entrevista exclusiva para o UNITED BY METAL CHANNEL, com um dos melhores frontmen da cena nacional, o primeiro e único, VÍTOR RODRIGUES, Ex - Torture Squad e atual VOODOOPRIEST, confiram !



1 – Em primeiro lugar, é um prazer ter você no UNITED BY METAL, bom, antes de falar do VOODOOPRIEST, é praticamente impossível falar com você e não citar o TORTURE SQUAD, você passou 19 anos na banda, até que em 2012 o público metal foi surpreendido com o anúncio de sua saída da banda, pergunta simples, por que você saiu da banda ?

Vitor Rodrigues – O prazer é todo meu ao fazer essa entrevista com vocês do United By Metal.
Bom, 2012 foi um ano difícil pra mim particularmente falando. Perdi minha mãe no final de 2011 e já estava querendo dar um tempo na minha carreira. Conversei com os caras e eles entenderam completamente a situação. E após a notícia da minha saída, literalmente choveram mensagens e comentários nos meus perfis e na minha page oficial, sem contar a enorme quantidade de e-mails que recebi. Foram muitas mensagens me desejando muito sucesso na minha nova empreitada, desejando muita sorte e rápido retorno, e aquilo mexeu muito comigo. A minha mãe era uma das minhas maiores incentivadoras, e acredito que nem ela queria que eu desistisse. Daí pensei mais um pouco, e decidi retornar, mas queria fazer algo diferente, algo novo. E aí nasceu o Voodoopriest.
2 – Tão logo saiu do TS você montou o VOODOOPRIEST. Como você chegou aos músicos da banda ?

Vitor Rodrigues – Em primeiro lugar fiz uma lista com vários nomes de músicos. Já tinha na cabeça que tipo de banda eu queria, com duas guitarras e riffs, aliados a uma cozinha eficiente e talentosa. Recebi muitos e-mails e um deles foi do Covero me mandando duas músicas e querendo fazer parte do projeto. Vi o grande talento que ele tinha e imediatamente coloquei-o no line-up do Voodoopriest. O outro guitarrista, Renato de Luccas surgiu quando eu já estava finalizando os membros. Ele me enviou uma música inteira – bateria, guitarra, solos – e sem pensar duas vezes chamei-o pra integrar a banda, e ainda me recomendou o Bruno Pompeo para o baixo. Entrei na page do Bruno e vi um grande músico ali, talentoso e com muitas ideias, e o contato foi rápido, apenas perguntei se queria entrar pra banda, e ele aceitou prontamente. Na bateria, tinha sabido que o Musica Diablo, banda no qual Edu Nicolini era o baterista, tinha acabado e ele estava sem banda, mesmo assim não entrei em contato imediatamente. Um belo dia, o Marcos D’Angelo do Claustrofobia liga pra mim falando sobre o Edu, que estava sem banda e seria uma ótima aquisição para o meu projeto. Isso foi muito bacana da parte dele e após falar com o Marcos, liguei imediatamente para o Edu. O resto é história. O primeiro ensaio rolou com uma vibe incrível e ao longo do tempo, a vontade e o esforço que cada um demonstrou, nos mostrou que aquilo não seria mais um projeto, e sim uma banda... o Voodoopriest!
3 – Antes do lançamento do debut álbum, “MANDU”, vocês lançaram o EP “VOODOOPRIEST”, ali rolou tudo o que você queria fazer como membro de uma banda de metal?

Vitor Rodrigues – O EP foi gravado no Norcal Studios com a excelente produção do Brendan Duffey e do Adriano Daga – hoje baterista do Malta. Eu já tinha uma amizade com eles desde a época do Torture Squad quando gravei o Aequilibrium. Ou seja, eles sempre me deram total autonomia do que fazer na gravação, e principalmente o Brendan, que gravou os meus vocais, dando vários toques sobre pronúncia e palavras que funcionavam melhor na língua americana, e isso é muito confortável e te dá muita confiança na hora de testar coisas legais no estúdio. Como era um EP, com apenas cinco músicas, não rolou tudo o que eu queria fazer, mas com o Mandu a história foi totalmente diferente (risos).
4 – Em 2014 vocês lançaram o álbum de estréia, “MANDU”, álbum com uma temática ousada e incomum pra bandas de metal brasileiras, em Manaus temos o GLORY OPERA, que você conhece bem, que já abordou temas semelhantes, como surgiu a ideia do conceito lírico do álbum ?

Vitor Rodrigues – Cheguei a fazer uma participação no álbum Equilibrium do Glory Opera com a música Drowning Into Madness. Pessoal gente fina demais e muito talentosos.
Bom, após o EP, precisava de inspiração para o que eu iria abordar no álbum de estreia do Voodoopriest. Pesquisando aqui e ali me deparei com uma resenha do jornalista Pedro Laurentino Reis Pereira sobre um livro chamado Mandu Ladino, do autor Anfrísio Neto Lobão Castelo Branco.
A resenha era um verdadeiro resumo do que era a história do livro, do índio capturado após o massacre de sua tribo e mandado para um aldeamento jesuíta onde ele aprendeu a ler, escrever e aonde ensinaram História, Português e Latim. Com o conhecimento adquirido, ele começa a entender a mentalidade do branco invasor e compreende que quanto mais o gado cresce, mais índios são mortos, e mais e mais sua raça vai sendo dizimada. A partir daí ele investe todos os seus esforços em alianças com muitas nações indígenas, e consegue por 7 anos deter o avanço dos invasores, mas infelizmente foi traído pelos Ibiapavas – tribo aliada dos brancos – e morto com um tiro quando atravessava um rio para fugir do massacre. Com um tema tão rico como esse, não tive dúvidas que o álbum de estreia do Voodoopriest seria conceitual, e em honra à memória desse grande herói, Mandu Ladino.
5 – O álbum inicia com a pedrada “DOMINATE AND KILL”, na minha humilde opinião, uma música especial, a música conta uma longa intro, totalmente estilo anos 80 e segue numa pegada impressionante até o fim, fale um pouco sobre a música.

Vitor Rodrigues – Muito obrigado. Ao mesmo tempo em que eu fazia as letras, a gente criava a parte instrumental. A Dominate and Kill veio com uma ideia do Covero e fomos moldando. E confiei apenas no feeling de cada uma delas para escolher a posição que elas ocupariam no CD, dando a ele mais dinâmica. Ela é uma música que já vem com uma intro embutida, e prepara o terreno para o riff principal antes do berro. A letra versa sobre o ataque e massacre dos Aranis, tribo de Mandu, e a captura dele.
6 – Num álbum tão homogêneo é difícil apontar destaques, mas não vamos fugir dessa briga, “EYE FOR AN EYE”, “WARPATH”, “SWALLOWED BY WATERS” e a faixa título são exemplos do poder de fogo do álbum, quais músicas você apontaria como destaque e quais músicas recebem uma melhor resposta do público ao vivo ?

Vitor Rodrigues – Essa é uma pergunta difícil pra responder (risos). As músicas são como filhos e é difícil destacar quem é o destaque. Gosto de todos delas, apesar de que a primeira vez que ouvi a Religion In Flames, o coração bateu mais forte (risos). Agora no quesito “ao vivo”, a Mandu é a música que a galera tem mais participação, mesmo porque ela empolga do começo ao fim com variações entre o thrash e o groove.
7 – O cenário metal, especialmente no Brasil, vive uma fase de boas bandas surgindo e se mantendo, mas sempre falta algo pra melhorar, alguns músicos dizem que o público brasileiro não apóia suas bandas, algo que concordo em parte, mas quais as maiores dificuldades que você vê na nossa cena ?

Vitor Rodrigues – Uma vez, em meu blog - http://vitorvoodoopriest.blogspot.com.br/ - propus uma espécie de enquete perguntando justamente isso: O que falta no Brasil para as bandas deslancharem de vez e sermos reconhecidos? A grande maioria respondeu que o público é o grande responsável pelo o que está acontecendo. A velha história de pagar 200,00 reais para ver uma banda gringa, e não ter 20,00 reais para prestigiar bandas nacionais. Isso é algo muito difícil de se mudar por ser justamente cultural. Junte a isso o preconceito – ainda – dos grandes veículos de mídia e lugares que, na maioria das vezes, não tem infra estrutura nenhuma para que possam mostrar seu trabalho, aí a coisa beira o impossível. Mas mesmo assim continuamos sem desistir. Fazemos tudo simplesmente pelo amor ao estilo.
8 – Vítor, se você pudesse escolher uma banda pra tocar, banda gringa, nacional, que banda você gostaria de ver dividindo o palco com o VOODOOPRIEST ?

Vitor Rodrigues – Slayer!!!

9 – No nosso canal, nós temos um quadro tradicional chamado “METAL RELICS”, no qual falamos sobre álbuns clássicos (Já rolou “DRACONIAN TIMES”, “BENEATH THE REMAINS”, “PAINKILLER”, entre outros), quais álbuns você considera clássicos e essenciais na sua formação musical ?
Vitor Rodrigues – Ah! São muitos! Muitos mesmo!! (risos) Mas vamos lá, na parte death metal: Leprosy do Death. No thrash: Arise do Sepultura. No heavy: The Number of the Beast do Iron Maiden. No hard rock: Creatures of the Night do Kiss... e fora isso tenho influências de outros estilos sem preconceito nenhum, desde que seja boa música feita com o coração, e não com uma caixa registradora no lugar dele.
10 – Vítor, foi um grande prazer bater esse papo com você, desejamos ao VOODOOPRIEST todo o sucesso do mundo e esperamos que vocês consigam manter o altíssimo nível do primeiro álbum nos lançamentos futuros, conte com o UNITED BY METAL sempre que quiser, queremos ver vocês estrearem logo nos palcos manauaras, o espaço é seu para as considerações finais!

Vitor Rodrigues – Não tenho palavras para descrever a satisfação de ter participado dessa entrevista. Muitíssimo grato pela oportunidade e pelas palavras de apoio ao Voodoopriest. Vida longa ao United By Metal e estamos muito ansiosos para voodoozar todos os manauras. Vamos voodoozar!!!!


http://vitorvoodoopriest.blogspot.com.br/

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